Bisous - Crônicas e músicas
E-book com futuras contribuições alheias e sempre com uma música de fundo.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
quinta-feira, 24 de novembro de 2022
sábado, 18 de setembro de 2021
O sono vai-se afastando. Gratidão por mais um dia a ser vivido. Ei, volte aqui, não preciso começar a vivê-lo tão cedo! Mas, é o costume. Levanto-me e lá vou eu, contando os passos, corredor "abaixo", retrocedendo, por um dos costumeiros esquecimentos desta "adolescência" divertida. O que é bom, pois, segundo o conselho de um médico, temos que dar dez mil passos por dia. Como ainda não comprei o pedômetro, o jeito é ir contando: Um, dois, três, four, five, six, seven, eight, nine, ten e de novo, pra não ficar monótono: un, deux, trois, quatre, cinq, six, sept, huit, neuf, dix. Por aí vai: da uno a dieci, mudo para o espanhol, o alemão... e resolvo comprar um pedômetro.
Disseram-me que não mudamos o passado. Concordo, no entanto, se algo não deu certo, urge fazer com que o presente não o reedite. Pois é no aqui e agora que se forja o futuro, soma do passado com o presente. E é com este que se pavimenta o porvir, se escreve a nossa história.
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segunda-feira, 29 de março de 2021
Você sabe de onde eu venho?
Desde o início desta pandemia, meu filho me disse que a vida nunca mais seria a mesma.
Quão certo ele estava e está!
Mas, você sabe de onde eu venho?
A vida é instável, muda com o vento. Cada época tem suas
doçuras e barbáries.
Vim de um lar de três andares, onde em uma de suas duas
escadas era afixado e lido o Jornal da Casa. O terceiro piso consistia em um
grande salão de jogos,onde se divertiam dez irmãos e seus amigos nas mesa de totó; sinuca e ping-pong,com campeonatos e até me lembro que uma vez fui campeã. Deve ser por isso que adoro ping-pong até hoje, com a idade de 74 anos.Lá de cima descortinava-se o campinho de futebol, onde também jogávamos voley, acendíamos fogueiras e até se passou um filme. Sou muito grata pela família unida, inteligente, poética, lúdica, bem humorada, alegre e inesquecível que tive.
Tínhamos a ajuda de uma cozinheira, uma copeira e arrumadeira, uma lavadeira e passadeira, uma babá e uma Bebé, que havia sido babá da mamãe! Enquanto esta secretariava meu pai e zelava pela prole, Bebé, que
ficou conosco até quase o fim de sua vida, ensinava o serviço doméstico às, por
ventura, novas ajudantes, e subia a escada levando a roupa passada.
Ela dormia em um quarto espaçoso, onde havia um grande rádio
e sempre foi por nós estimada.
Duas outras dormiam na cama-beliche de outro quarto.
Havia ainda o faxineiro e a costureira, que dormiam em suas
casas.
Perto da hora do almoço, lá de cima, ouvíamos o. som de uma campainha, que significava que devíamos interromper o que estávamos fazendo e lavar as mãos, para no segundo toque, descermos e nos dirigirmos à mesa, pois a comida estava servida. Nessa sala havia uma vitrola e quando se colocava um twist de um disco de Chubby Checker na vitrola, eu não me continha, levantava e dançava, feliz da vida.
Soube há algum tempo que o filho do nosso irmão,que era o número cinco na fileira dos filhos e editor do jornal aludido acima,
ainda pequenino, após ter visto hipopótamo, tigres e macacos no Zoológico, descansava em um banco, quando seu pai lhe perguntou de qual bicho gostara mais.
- Das formigas!
Havia sido seu primeiro contato com elas e ficara fascinado
com o trabalho intenso da sociedade das formigas, carregando folhinhas e
entrando em frestas.
Ficaremos marcados, a exemplo dos combatentes brasileiros
que, em plena guerra contra os nazistas em Monte Castello na Itália, se
perguntaram:
"- Você sabe de
onde eu venho?
- Eu vim da Bahia.
- Nunca fui à Bahia.
- Pois devia."
E foi da vontade de voltar para o Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso e pra onde mais vieram, que
tiraram a força necessária para prosseguirem e vencerem.
Que esta pandemia não nos roube a recordação de onde viemos,
que sejamos gratos pela vida passada,
pela que nos é ofertada diariamente e que esta praga no mínimo una irmãos
confinados, comungando da mesma tristeza e preocupação com suas vidas
autoritariamente tolhidas.
Angela de Menezes Delgado
27/3/2021
domingo, 22 de março de 2020
- (Uma tentativa de fazê-los rir, em tempos de coronavírus.)
- De mel a pior - Fernando Sabbino
- Qual é a primeira pessoa do presente do indicativo do verbo adequar?- - pergunta-me ele ao telefone.
- - Nós adequamos - respondo com segurança.
- - Primeira do singular - insiste ele.
- - Espera lá, deixe ver. Com essa você me pegou.
- - Eu adéquo?
- - Não, senhor.
- - Eu adeqúo? Não pode ser.
- - E não é mesmo.
- - Então, como é que é?
- - Quer dizer que você não sabe?
- - Deixe de suspense. Diga logo.
- - Não tem. É verbo defectivo.
- - E você me telefonou para isso? Verbo defectivo. Tudo bem. Eu não teria
- mesmo oportunidade de usar esse verbo na primeira pessoa do singular do presente
- do indicativo. Nunca me adéquo a questões como esta.
- - Presente do indicativo ou indicativo presente? - é a minha vez de perguntar.
- No nosso tempo era indicativo presente.
tanto a nomenclatura gramatical, que a gente acaba não sabendo mais nada.
- - E o verbo delinquir? - torna ele.
- - Que é que tem o verbo delinquir - quero saber, cauteloso.
- - A primeira do singular?
- - Não tem. Também é defectivo.
- - E se um criminoso quiser dizer que não delinque mais?
- - Se usar esse verbo, já delinquiu.
- - Então me diga uma coisa: você sabe qual é a primeira do singular do verbo parir no
- indicativo?
- - Ninguém pare no indicativo.
- - Pare, e em todos os tempos, meu velho.
- - Esse, quem não corre o risco de usar sou eu.
- - Pois então fique sabendo: é simplesmente igual à primeira pessoa do singular do
- verbo pairar.
- - Eu pairo?
- - É isso aí. Uma senhora que tem muitos filhos pode perfeitamente dizer:
- eu pairo um filho por ano.
- É a vez dele:
- - Você sabe qual é o plural de mel?
- - Já vem você. Mel não tem plural.
- - Como não tem? Tem até dois.
sobre o assunto na televisão. No que saiu do singular para se meter no plural,
quebrou a cara: Acabou falando que existem muitos mels diferentes.
- - E não existem?
- - Existem. Mas não mels. Com essa ele se deu mal.
- - Se deu mel, então.
- - Ou você vai me dizer que mel também é defectivo?
- - Perguntei à uma amiga que entende.
- - De mel?
- - Não: de plural. Ela confirmou: tanto pode ser méis como meles.
- Mels é que jamais.
- - Dos meles, o menor.
- Como ele não responde, acrescento:
- - Até logo. Melou o assunto.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
– Quer que eu o ajude, perguntei. - Não, eu consigo.