Quase sete horas. Lá vamos rumo ao colégio. Em minha “lavagem anímica”, no bom sentido, pois também pode ser chamada de formação musical, coloco Fado.
Ainda não me arrisco a perguntar aos sonolentos se estão gostando da música. É cedo. Ouvem as três melhores músicas do cd e depois troco por uma da Shirley Bassey.
A vírgula do meu dia era o computador. Lia o jornal, ia para o computador; molhava as plantas, ia para o computador; fazia ginástica, ia para o computador. Agora, devido a um problema no rim, o ponto e vírgula será o copo d’água, porque assim como o tempo está apressado, seu filho, o dia, então, nem se fala! Se mergulhamos em um livro ou nos e-mails, o sol se põe e a água ficou esquecida.
Portanto, foi muito bom o “chá de cadeira” de duas horas no Pronto-Socorro, à espera de uma tomografia. Fiquei lendo, com o risco de não ouvir o chamado da minha senha (como aconteceu na fila do Banco, e no aeroporto, quando Saramago me fez perder um vôo internacional), mas livre das solicitações domésticas, provisoriamente ampliadas. A televisão em salas de espera atrapalha um pouco, mas consegui que desligassem o ar condicionado, antes que congelássemos.
- Vó, preciso de um cinto.
- E eu de uma sacola – me informa a neta Clara, após perguntar pela sandália dela.
- Tem uma agulha; viu a minha carteira; meus óculos? Pergunta o neto mais velho, ao longo da semana, e passo eu agora a colecionar o que me é pedido em Gincanas quase que diárias. Vou me tornar expert nesse esporte, depois de descer das alturas, onde me encontro às vezes, compenetrada em leituras ou e-mails, para aterrissar no meio de papelão, caixa de ovos, tesoura, algodão, feijão, balão, jornal, revistas, cola e o diabo a quatro para as tarefas escolares e experiências científicas.
São inúmeras as indagações se vi isso ou aquilo, a mim, que já ando esquecida.
Não há de ser nada. Tenho agora quatro ajudantes para recuperarem o que perco por aqui, e para demonstrarem que esquecimento não é apanágio de idade alguma.
Não há de ser nada. Tenho agora quatro ajudantes para recuperarem o que perco por aqui, e para demonstrarem que esquecimento não é apanágio de idade alguma.
"A vírgula do meu dia era o computador." Adorei a frase. Texto divertido.
ResponderExcluir@Luci Afonso E eu adorei a sua visita!
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