quinta-feira, 7 de junho de 2012

XLVI


     No desmonte do apartamento de minha mãe, herdei um manuscrito/”datiloscrito” datado de 1941. Cansada e com minha mala cheia, olhei um pouco desanimada para aquelas folhas amareladas, embora soubesse da excelência do autor. No entanto, elas humildemente se acomodaram entre objetos de menos valor, e viajaram comigo.




     Após alguns dias, como se eu fosse uma bibliotecária examinando papiros, de máscara, luvas e lupa, começo a folhear A Turminha dos Valentões. Encanto-me logo de cara e resolvo digitá-lo:

      “A sopa estava servida e fumegava quase debaixo dos narizes dos comensais daquele jantar. Mas, num momento em que os três pequenos tomaram suas colheres e se dispuseram a começar a refeição, o Sr. Figueiredo interpelou-os, piscando os olhos e sorrindo misteriosamente:                                                                                                                                                    - Esperem um instante. A sopa está quente e enquanto ela esfria, Mário tem uma notícia séria, importante, importantíssima, a contar a vocês.
            Zequinha, Olavo e Joãozinho instantaneamente largaram as colheres e voltaram seus rostinhos surpresos para o Mário, o simpático moço de Botafogo que os viera visitar àquela noite.
            Mário sorriu, enquanto o Sr. Figueiredo prosseguiu, dirigindo-se aos três pequenos:
            - Uma caixa de bombons para quem adivinhar o que é que Mário vai dizer...
            Mas Zequinha olhou para Olavo, este se virou para Joãozinho e ninguém se aventurou a dar palpite sobre a notícia que Mário tinha a lhes contar.
            E Mário para não encompridar aquela terrível seriedade curiosa começou logo a dar a notícia:
            - É uma coisa muito simples: um acampamento. Mas um acampamento direito: na floresta, junto de uma praia deserta, com tendas, faróis, cornetas, barcos, espingardas e não sei o que mais..."



            Quando vi alusão a uma primeira edição, pesquisei no Google e a encomendei em um sebo, que ma enviou, não em muito melhor estado, mas me auxiliou em alguns trechos, pois as 231 folhas que eu tinha em mãos, quase se desfaziam ao serem viradas.
            O livro se revelou uma delícia . Como grande escritor que era, Pio Ottoni Júnior nos surpreende com um estilo totalmente diverso do profundo Ópera do Poeta e do Bárbaro, onde demonstra uma imensa cultura.  Acho que este, juvenil, agradará a crianças, pré-adolescentes e marmanjos.                                                                                                                                                                            Quem se interessar pela obra, é só me avisar que a envio por e-mail.


2 comentários:

  1. Angela, que bom que estes papiros chegaram até você e que percebeu a raridade que tinha nas mãos!
    Caso seja possível me enviar um exemplar, ficaria muito agradecido! Pio Ottoni Júnior foi um poeta de mão cheia e que o mundo um dia ainda vai conhecer! Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Com certeza, Marcelinho, e faço o que posso para contribuir para isso. Beijos pra você também.

    ResponderExcluir

Seu comentário aguardará moderação