Em algum momento saí de onde vivia e vim parar aqui. Não sei se foi rápido o instante ou se foi longa e imperceptível a viagem. O que sei é que agora estou aqui e não sei exatamente o que fazer. Tenho impressão as vezes de que devo voltar. Noutras, não. Tudo parece tão tranqüilo, tão certo em seus lugares.
Mas parece que há uma questão de conexão. Melhor seria dizer de desconexão. Parece que estou desconectada de algum outro lugar onde deveria estar. Realmente. E aqui seria simplesmente um canto meu. Por isto a minha questão interior, a dúvida sobre o momento exato em que cheguei aqui. Porque tenho a impressão de sempre ter estado aqui. O mínimo sentimento de ter que ausentar, mesmo por alguns minutos, me assusta, muito. Mesmo se em certos momentos tenho a impressão que isto acontece. É quando descubro em mim uma roupa que não estaria em mim. Ou vejo alguma coisa que escrevi e que não foi para mim mesma. Momentos de desamparo. Quando me sinto perdida até mesmo aqui, tão longe de tão longe. E se na verdade eu precisar voltar? E se for preciso começar a pensar na volta, no mundo exterior, e em tudo o que isto implica? Para onde será a viagem? Para que mundo? Um que conheci lá fora um dia ou um tão dentro de mim que nunca cheguei a conhecer?
Gosto de fazer versos
inversos e avessos
espessos e esparsos
versos intensos
versos frugais
meus ais
ventos que batem...
insuflando nas linhas
a poesia que dança
em minha vida.
PASMEIRAS
Nesta terra tem pasmaceiras
Nem me encanta um sabiá...
Ai meu deus do céu... cruz credo...
onde é que eu vim parar???
Jacqueline Aisenman
Obrigada querida Angela! um grande beijo pra você!
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