quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

capítulo X


Podemos ser ínfimos no universo, mas, que graça teriam as estrelas se não fossem contempladas por músicos, poetas, crianças, sentimentos? É a humanidade que dá grandiosidade ao universo, apesar de todo o seu joio.
Que graça teria a lua se prateasse a água desse nosso pequeno mundo para seres sem importância alguma que não lhe dessem valor?
A Igreja erra quando prega uma humildade excessiva. Se fossemos nada e ninguém, qual o problema em sermos pisados e esmagados?
Qualquer coisa de longe parece pequeno. Sugiro invertermos o processo e nos maravilharmos com a nossa magnificência, não exatamente a minha, mas, a de muitos homens e mulheres, compositores, escritores, cientistas, médicos, professores, atores e batalhadores.
No parágrafo acima, lembrando-me de um personagem de um livro de Italo Calvino, tratei logo de substituir uma palavra que já fazia parte do vocabulário deste livro, pois o personagem em questão, com a ajuda de um programa de computador, analisava o livro em função do número de vezes em que uma determinada palavra aparecia! Fazia uma lista dos termos com a freqüência em que surgiam e deduzia ser um romance de guerra, uma história de um erotismo popular sem refinamentos ou uma muito diferente com sentimentos sutis apenas esboçados e a vida cotidiana com suas diversas disposições de espírito.
Voltando ao assunto, a humanidade precisa de autoestima para seguir em frente, vencendo obstáculos e fraquezas, em vez de se deixar abater e se reduzir a pó antes do tempo, mas, sem majorar pequenos problemas e supervalorizar ninharias que devem, ao contrário, ser menosprezadas.
Que a elas não nos misturemos, pois somos uma bela maquete.
E a “maquete” da “maquete”, um “nininho”, como diz o meu neto de dois anos, em três segundos provoca três cenas desesperadoras. Vai tomar banho e molha a ponta da toalha na água do vaso sanitário (Homens, entendam de uma vez a importância dos tampos abaixados!). O pai o coloca na banheira ainda sem água, ele cai e quando é dela retirado, faz xixi no tapete.
Agora, ouço-o brincando em outro quarto (acho que uma criança, embora deva ser supervisionada, precisa aprender a brincar sozinha e a não exigir a presença constante de um adulto por perto).
Quando fui dar uma olhada nele, encontrei-o sentado no pufe, assistindo desenho.
- André, como você ligou a televisão?!
- No “tole”!
Retornando ao livro que estou lendo em espanhol, paro diante da palavra “antojo” e ameaço não pegar o dicionário, achando que deve significar “nojo”, mas como sou desconfiada, abro o “pai dos perfeccionistas” e quase caio dura quando vejo o significado: vontade! “Enhorabuena”, traduzida mentalmente por “Em boa hora!”significa “congratulações”. Ainda bem que tenho alguns dicionários à mão.

     Chego ao fim do livro, escrito em 1981. Fico imaginando alguém levar 30 anos para gostar do que escrevo!
Comprarei outro livro da Rosa Montero, o que quer dizer que gostei deste terceiro que li.

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