quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A última coisa que pretendo fazer na vida é morrer

                                                         
                                             Ciro Pellicano (publicitário nas horas pagas)

     Best-sellers são livros fabricados para worst-readers.
  Deve haver um motivo para que o verbo contrair seja utilizado tanto na eventualidade de uma doença quanto na de um matrimônio.
Os grandes pintores , quando cremados, viram cinzas, azuis, amarelos...
Sabe por que tem gente que sai de férias e gente que entra de férias? Para evitar que saia todo mundo ao mesmo tempo.
Como dizia o hipocondríaco: - Protejam os frascos e os comprimidos!
Nas discussões, eu sempre procuro me colocar na posição do outro, mesmo que para isso eu tenha que removê-lo a tapa do lugar onde está.
Menticuloso: um mentiroso detalhista.
Já perdi a chance de ser um novo rico. Mas não tenho nada contra ser um rico-velho.
Como dizia aquele modelo de omissão: - Não está mais aqui quem calou.
Propaganda eleitoral: Se eu fosse a polícia, recolhia os cartazes de rua e os guardava para futura utilização. Só vai precisar mudar o título: Procura-se.
Com a nova lei da previdência, dois anos depois de morrer você já pode se aposentar.
A função do acento na palavra pá é a de evitar que a gente a pronuncie de maneira errada, como, por exemplo, pa.
Sabe como a mãe do Robin Hood era conhecida no condado? Motherhood.
Era um discurso realmente radical: nele, nem os verbos concordavam.
Eu não comemoro a passagem do ano porque é uma passagem só de ida.
Nunca conseguiu criar raízes: era carnívoro.
Custe o que custar! As mulheres adoram essa expressão.
Quem não acredita na existência da alma, entrega-se aos seus projetos de corpo e o quê?
A expressão “Mas que diabos!” pluraliza o demônio e lhe confere superioridade numérica. Acho que, diante disso, a Igreja deveria relevar eventuais implicações politeístas e contra-atacar com “Meus Deuses!”
Eu vendi meu carro para colaborar com o trânsito. Mas adivinha se o imbecil do comprador não está rodando com ele.
Os puristas costumam dizer que o trocadilho é uma forma menor de humor. É puristas e por outras que eu não dou ouvido a eles.
Era uma pessoa pela qual eu poria a mão no fogo baixo.
Quem é vivo sempre perece.
Em São Paulo a rigor ninguém pode sair a passeio.
Walkman. Faz muito mal para os tímpanos dos adolescentes. Para os tímpanos dos pais, entretanto, faz um bem incalculável.
Estava tão deprimido que só conseguia dar a volta por baixo.
As pessoas estão lendo cava vez
Vivia em estado de coma: comia tudo que encontrava pela frente.
Vegetariano não reencarna: refloresce.
Como disse o “bon-vivant”: - Amigos, amigos, ócios à parte.
Se alguém lhe disser: - Deixe comigo! – invente a mais absurda desculpa, mas não deixe com ele.
Eu não acredito em Deus, mas mudo descaradamente de idéia toda vez que cruzo um portão de embarque.
Às vezes, é preciso uma paciência de Jó. Outras, a impaciência do já.
Uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas como gastei oito para dizer isso, uma imagem está valendo no máximo 992.
A ioga é uma técnica milenar de relaxamento, cujos benefícios demoram mais ou menos o mesmo tempo para se manifestar.
Era um homem só. Mas, antes que você comece a sentir pena, o que estou querendo dizer é que não eram dois homens.
Meia volta? Vou ver.
Não só não existe vida depois da morte como, muito frequentemente, também não existe antes.
Como disse o herege: - Inverdade vos digo.
O problema não é o sucesso subir à cabeça: o problema é subir o fracasso.
O jornal pergunta até quando vamos assistir inermes à escalada da violência. No mínimo, até a consulta a um dicionário.
Toda vez que devoro uma sobremesa me arrependo docemente.
Conselho para um homem magro: evite gordura animal. Conselho para um homem gordo: evite gordura, animal.
Na velhice, agente precisa cuidar do ente querido.
Tirando os aviões, as coisas decididamente não caem do céu.
Monólogo é uma pessoa falando sozinha. Diálogo são duas.
Embora as religiões garantam que existe vida depois da morte, eu continuo achando que é o contrário.
Nunca se deixe iludir pelo fato de estar com a faca e o queijo na mão. Lembre-se que, infelizmente, ainda fica faltando a goiabada.
Vegetariano é um cara contra filé.
Sir Francis Bacon odiava trocadilhos, especialmente no café da manhã.
Os pais são capazes de dar a vida pelos filhos. Mas, uma ou duas horas por dia já é bem mais difícil.
O doce perguntou para o doce qual doce era o mais doce. O doce respondeu para o doce que o doce mais doce era o doce de leite. Ouvindo isso, o doce protestou com o doce que o desfecho não rimava. O doce então replicou para o doce que de fato não rimava, mas que ele estava se lixando, e que não ia sacrificar a verdade só por causa de uma rima idiota. Aí, o doce e o doce brigaram, provando com isso que até uma doce amizade pode ter um amargo fim.
Por que é sempre meio caminho andado? Por que nunca é um terço, três quintos ou sete oitavos?
Se você acha que tudo está perdido, nem tudo está perdido – do contrário, você não acharia.
Levar de roldão. O mesmo que o tempo faz com a expressão.
Era tão confuso que costumava dizer: - Vamos aguardar o enrolar dos acontecimentos.
Lê os clássicos desde a mais tenra idade: Oração cujo sujeito oculto acumula a função de sujeito culto.
“Eu rezo todo dia” é uma oração. “O juiz condenou o acusado". É uma sentença.
                                                                   Falsa Etimologia
     A expressão “ser um saco” surgiu nos portos brasileiros. Uma gíria de estivadores que tentava estabelecer uma analogia entre uma pessoa desagradável e a desagradável tarefa de carregar um saco. Com o tempo, o jargão ganhou as ruas: “fulano é um saco” virou um modo de dizer nacional.
     Algumas décadas mais tarde, com o advento do turismo de massa e a popularização das viagens aéreas, a expressão sofre uma espécie de upgrade e se transforma em “ser uma mala”. De novo, a analogia entre uma pessoa desagradável e a desagradável tarefa de carregar uma mala.
     Não obstante o alto grau de mordacidade conseguido com o upgrade, o homem do povo, esse eterno gerador de neologismos, não se deu por satisfeito. E acrescentou uma espécie de adereço à nova expressão. Um qualificativo que expressa o conceito de peso em sentido lato e ressalta a dificuldade de tratar com o objeto/pessoa em questão. Em conseqüência disso, ao lado dos clássicos “malas”, surge a categoria dos “malas sem alça”.
     E, até que a língua de novo se encarregue de inovar essa formulação é o top de linha. Expressa com perfeição e inteireza o conceito de chato exponencial, alguém cuja simples presença já é um saco. Ou mais que isso: um saco sem pontas, expressão que infelizmente o cais esqueceu-se de criar.

     Se além de perguntar: - Você aceita Fulano de Tal, aqui presente, como seu legítimo esposo? Os padres indagassem também: - Por quê? Iriam nos poupar uma série de equívocos.
     Com algumas pessoas é fácil travar relações. Com outras, infelizmente, é muito mais fácil travar.
     Nenhum homem é uma ilha, exceção feita ao Sr. Fernando de Noronha.
     A faculdade de filosofia comprou uma van: adivinha o nome que deram para ela.
   Habilidoso: um idoso hábil.
   O governo quer retomar o programa do álcool. Já eu, estou tentando riscar o álcool dos meus programas.
O que eu mais admiro nos jovens é o desprendimento com que eles se entregam a novas experiências. Ontem, por exemplo, meu filho pediu um hambúrguer sem batata frita.
Comunicado à praça: Os tempos mudaram e teriam o maior prazer em recebê-lo em seu novo endereço não fosse o fato que vai ser o tempo de você chegar lá para eles terem mudado de novo.
Houve uma época em que bom pagador era quem pagava suas dívidas em dia. Hoje, basta que ele as pague um dia.
Cheguei são e salvo. Ou melhor, é e salvo.
Aprenda com os milionários: dinheiro foi feito para gostar.
O que caracteriza o clima de Brasília é o baixo índice de humildade.
Errar é humano. Persistir no erro é mais humano ainda.
                                        
                                                   Imortalidade

     Com todo o respeito de que a criação divina possa ser merecedora, considero inaceitável o fato de que só a alma tenha o privilégio da imortalidade. Na minha opinião, deveria haver uma alternância entre o corpo e a alma, com a decisão tomada sempre em função das evidências do caso. Modestamente, acho que esse seria um sistema muito mais justo e muito mais gratificante para todos nós. Como mínimo, teria o mérito de evitar erros elementares: tudo bem, por exemplo, que os céus não tenham poupado o corpo de Gertrud Stein, mas o que eles esperam que a gente faça com a alma de Marilyn Monroe?

       Ter alguém como braço direito é uma prática que fazia sentido na era industrial. Hoje, o que a gente precisa é de um cérebro direito.
     No Rio a palavra morro já é mais usada como verbo do que substantivo.
     No sétimo dia, Deus descansou. Seus representantes aqui na Terra, entretanto, continuam fazendo exatamente o contrário: domingo é o dia em que eles mais faturam.

    

0 comentários:

Postar um comentário

Seu comentário aguardará moderação