Carlos Magno de Melo
Autor dos
romances :Mata Serena, Relatório
Mandaras,Longe da mão do rei,O espírito do rabo do fogão,
Bar Castelo, Livramento
Pentecostes, Canção da água e de mais três livros de contos.
Uma certeza,
tudo ficou para trás. Ano novo, vida nova. Exceto a conta do cartão de crédito,
o imposto da casa atrasado em duas parcelas, o cheque especial no vermelho, as
jóias da esposa e da sogra no prego da Caixa, as contas penduradas no armazém
da esquina e o aluguel da casa, que o locatário já está olhando com cara feia e
mandou devolver a jaca que lhe mandamos de presente de natal. No mais, vida
nova.
Agora é
começar a dieta da lua, já que a do sol, a do rabanete, a das frutas, a dos
carboidratos e a da água com limão se fizeram um fiasco tremendo. Todas, todas,
acabaram que aumentaram o nosso peso. Hora de tomar jeito e entrar firme na
ginástica. Próxima segunda-feira. Sem falta.
Acabar com
todas as crendices. Agora é hora de sermos firmes e pragmáticos. Nada de
carregar patuás no pescoço. Hora de tirar as duas dezenas de fitinhas do Senhor
do Bonfim do retrovisor para dar sorte e não bater o carro financiado e com o
seguro vencido. Esse negócio de entrar o ano depois de saltar três ondas, jogar
sal grosso atrás da porta, comer sementes de romã na passagem, isso tudo ficou
para trás. Agora, vida nova, novos ares, muita confiança no presente e certeza
de êxitos no futuro. Toc-toc três vezes na madeira.
Nunca mais
falar mal de ninguém. Só do Sarney e do Jader Barbalho e do Maluf e do... Bem
nesse caso não é falar mal, é constatar, aí, pode. Também ninguém é de ferro.
Ninguém está aqui propondo que viremos anjos de uma hora para outra.
No mais,
tudo correrá bem, assim seja. Teremos, com toda consciência do merecimento, por
tudo de bom que fazemos, o que de melhor a vida nos reserva, sejamos crentes ou
ateus. Amém.
Não se trata de uma troca de gentilezas, mas como gostei desta sua crônica! A realidade do brasileiro, tal e qual, supersticioso, cheios de promessas e mergulhado na certeza de que o bem será recompensado. Somos mesmo nós. E viva o Ano Novo!
ResponderExcluirJá vi que a ficha caiu e você percebeu que não sou eu exatamente a laureada, mas ele vai gostar do comentário, apesar de tudo.
ResponderExcluirBeijinho.
Como gostei desta crônica! A realidade do brasileiro, tal e qual, supersticioso, cheios de promessas e mergulhado na certeza de que o bem será recompensado. Somos mesmo nós. E viva o Ano Novo!
ResponderExcluirSó depois que havia postado o outro comentário é que vi que a crônica é de Carlos Magno. Pois meus parabéns ao autor, porque gostei demais!
ResponderExcluirObrigada, Cinthia. Eu também gostei e vem mais por aí...
ResponderExcluir