Na dúvida se vocês, Luci Afonso,
Alexandra, Arli, Aninha, Ana Helena, Quérida, Fafá, Nathália, Anna, Roseli Arruda,
Edilene, Lúcia Enout, Claudinha, Beth, Adriana e demais mulheres que correm com os lobos, teriam tempo de acatar a
minha sugestão de “subir à cobertura para apreciar a beleza do nascer da
aurora” ou, em outras palavras, acessar o blog www.palavrasabracadas.blogspot.com , entreguei já na bandeja duas
crônicas da Cinthia Kriemler, para driblar o esquecimento; a real falta de
tempo de minhas queridas atarefadas ou suas prioridades inadiáveis. Mas, agora,
acho que agucei suficientemente a curiosidade intelectual de vocês, que poderão
beber diretamente na fonte...
É que há dias em que acordamos
totalmente inocentes, sem a menor ideia do que está vindo em nossa direção. De
repente, André, uma criança de quatro anos guarda todos os brinquedos na casa da vovó,
deixando-a encantada com a arrumação do ambiente (existe sempre uma primeira
vez); um adolescente correndo em um pátio de colégio te dá um violento encontrão, te derruba e você,
que é magra, cai de costas no chão de concreto, no maior tombo de sua vida; você que plantou flores, colhe alguns abacaxis, que, podendo ser doces, tem também sua parte espinhenta; na
tela do computador, uma escritora abre a cortina de sua linda alma, e, também de bandeja,
com certeza de prata, ali se revela. Nem só bandeja é. É uma baixela inteira. Quando
se pensava que tudo já fora dito brotam palavras e mais palavras pela frente, e
sai de baixo (ou pelo contrário), que uma enxurrada de poesia, de sensibilidade
e fascínio nos é dada de presente, a nós que estávamos tristes.
“Benditos os que semeiam” lembrou-me o
Canto “Glória aos que cantaram” inserido em “Ópera do Poeta e do Bárbaro”:
“Poetas,
jamais vos caleis,porque um artista mudo
é um Jeová triste que resolveu nada criar.
Não vos caleis, porque os séculos são bandos de mastodontes,
que galopam pelo universo, esmigalhando pátrias e impérios,
fulminando raças e continentes, estraçalhando as civilizações.
Na carnificina universal do Tempo, só
vós ficais de pé.
A cavalgada dos milênios é a reversão
ao nada,Mas vós sois, e somente vós, a vacina contra o nada!”
E o que se segue é o canto “Mas quantos não puderam cantar”:
... “Dante escreveu porque pôde,
mas a Terra está repleta de artistas,
dos quais só um milhão consegue cantar,
pois os problemas da vida trancam os caminhos à Arte.
Por isso,
muitos não puderam cantar:
sentiram fome desde a primeira infância,
a vida lhes solicitou os braços e não a inspiração.
apresentou-lhes balcões, vassouras e caminhões, não pianos.
suas mãos se calejaram à enxada, não sabem manobrar a pena.
Suas almas se crestaram em disciplinas, não sabem ter caminhos seus.
Ou muitas vezes, suas vozes se embruteceram demais,
nas ruas, pregoando loterias e jornais.
Não cantaram:
A vida lhes impõe roteiros,
suas almas nasceram harpas, nasceram pincéis,
mas a vida lhes ensinou mil coisas e não lhes ensinou
onde dorme, num piano ou violino, o acorde em dó maior,
e lhes negou um imponderável qualquer, que lhes dissesse
que pincéis e tintas não são Hebraico
ou equações irracionais.”
E por aí vai, querida Cinthia, gentileza gera
gentileza e eu tentei-lhe retribuir com um pouco da beleza de um livro.
Um beijo e um muito obrigada por toda a sua criação
artística. Aproveito para estender o agradecimento pela beleza que sai da pena
e do coração de Alexandra Rodrigues, de Roseli Arruda e de tantas outras, que, certamente, está
vindo em minha direção.
Minha querida Ângela, bom dia!
ResponderExcluirObrigada por nos presentear com as suas palavras que nos arrancam do dia a dia massificado e nos fazem refletir e olhar as flores.
As suas palavras revelam uma mulher plena de conteúdos, cheia de vida e de questionamentos.
É isso que devemos depreender das arrebatadoras palavras proferidas. Nós mulheres devemos ocupar a mais espaços e participar da grande ceia que a vida nos oferece!
Beijos e parabéns cunhada!
Obrigada, cunhada, mas você não sabia que o brilhantismo do caçula, ele o puxou um pouco de cada um dos irmãos que vieram antes? (Rs)
ExcluirUm brinde a você nesta nossa ceia!