Febris Consultas
Tudo começou quando, por causa de uma dúvida em uma palavra em inglês, entreguei um dicionário ao meu neto de 10 anos. Daí, uma palavra levando a outra, logo estávamos rodeados de dicionários.
- Vó, vou ler esse “Ruais”, mas só as palavras, não os significados, porque é muito grande. A letra “B”começa na página 368! Nas férias (daqui a três meses), eu devolvo.
O neto de onze anos depois de ler a palavra bufar no dicionário português/francês, pegou um dicionário de português para saber o que era “bufar”. Depois se empolgou e disse que iria fazer uma pesquisa com todos aqueles dicionários de inglês/espanhol, alemão/português, inglês/francês, italiano/português... Foi então que a neta de sete anos, com o de português/italiano na mão, pulou, porque assim não tinha graça: estava procurando palavras como “burro”, “tolo” e “maluco” para adjetivar os irmãos e não queria que eles entendessem. Não era para eu dar o de italiano para eles, falou quase chorando.
- Clara, é para vocês aprenderem palavras em outras línguas. Não é para xingar. Tive uma idéia. Vamos lá para dentro que te ensino a língua do “P”. Aliás, há duas maneiras de se falar essa língua: colocando-se a sílaba “Pê” antes, ou depois de cada sílaba, declinando a vogal após o “p”, conforme a sílaba tenha um “a”, um “e”, um “el”, um “ãe”, “ão” etc.
Ela gostou e logo estaria escrevendo em uma ficha: Pe-jo-pe-ão pe-bo-pe-bo.
Achei que a segunda versão da língua do Pê, Mi-pi-guel-pel; mãe-pãe era mais difícil para ela.
Ela gostou e logo estaria escrevendo em uma ficha: Pe-jo-pe-ão pe-bo-pe-bo.
Achei que a segunda versão da língua do Pê, Mi-pi-guel-pel; mãe-pãe era mais difícil para ela.
Enquanto isso, o de onze anos se empolgava também com os dicionários: de francês/português, de espanhol/francês e de francês/italiano, o de dez se aventurava pelo de latim e a torre de dicionários ameaçava desabar no tampo de vidro da mesa!
- Alguns estão bem manuseados, por favor, cuidado com eles e não briguem por dicionários. Esperem, o de francês/francês (Larousse) não vai adiantar pra vocês.
- Vai sim, vó, retruca o de onze anos. Foi lá que achei “Momie. Cadavre conservé...”
Que ótimo, vai tudo pro blog.
Hoje, após o café da manhã, foram, voluntariamente, direto para os dicionários, e eu ganhei meu dia!
- E, disseram os meninos, nós vamos aprender a língua do Pê, por ele!
- Não, vó (!), retruca Clara preocupada. Eles vão entender tudo...
Hoje, após o café da manhã, foram, voluntariamente, direto para os dicionários, e eu ganhei meu dia!
Em contraponto a essa alegria e a de ouvir de pessoas estranhas recebendo meu convite para o próximo lançamento, que gostam, sim, muito de ler, fiquei com pena de uma mulher, de uns 25, 30 anos que respondeu não gostar muito não.
Ser estranho, coitada, não sabe o que perde... Pra mim, soou como se ela tivesse dito que não, não gostava muito de respirar, de viver...
Falando em viver, acrescento mais uma personagem feminina à galeria deste e-book: uma maravilhosa escritora, cognominada aqui Executiva, que chega com seu Tablet.
Viajaremos todas juntas a Portugal: Mena Filomena, a Executiva e eu entre outras e outros. Veremos no que vai dar.
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