NAS RUAS DO RIO
AS CASAS SINGELAS
TORNARAM-SE CONSULTÓRIOS
EMPRESAS, LABORATÓRIOS.
DÓI-ME A ALMA
VER SUAS FACHADAS
OFUSCADAS POR LÂMPADAS PROFANAS
PLACAS INTRUSAS
AVISOS DE QUE O APREÇO
MUDOU DE ENDEREÇO
AINDA TENHO ACESAS NA LEMBRANÇA
AS LUZES AMARELADAS
QUE DAS CASAS EMANAVAM
POR ENTRE CORTINAS RENDADAS.
AINDA SINTO O CALOR DOS ABAJURES
OUÇO O SOM DOS PIANOS, VITROLAS
CONVERSAS E RISADAS
QUE VASAVAM COMO ACORDES ABAFADOS
DA SINFONIA DAS INTIMIDADES.
EMBORA VIVESSE MAIS NOS BARES
BEBIA EM SEGREDO
O ACONCHEGO DOS LARES
SILENCIOSO E FURTIVO.
CAMINHAVA PELOS BAIRROS
ALIMENTAVA-ME DE JASMINS
EMBRIAGAVA-ME COM JARDINS.
IMAGINO OS CORREDORES INVADIDOS
QUARTOS VIOLADOS
TRANSFORMADOS EM DEPARTAMENTOS
COMPUTADORES E SECRETÁRIAS
NAS SALAS DE JANTAR
COPAS ECOZINHAS
COMO DEPÓSITOS, ALMOXARIFADOS
RECANTOS DESNUDADOS
INTERIORES DESTITUIDOS
DO ENCANTO DOS ABRIGOS.
COMO É DIFÍCIL ACEITAR
AQUELE ENTRA E SAI
DE GENTE QUE NADA SABE
DO SIGNIFICADO DOS PORTÕES
E QUE POR ELES PASSAM, BOVINOS,
MASCANDO A RELVA DAS RUÍNAS
PASTANDO INOCENTES
NO TESOURO DE TANTAS LEMBRANÇAS.
NÃO É O NOVO QUE CHORO
MAS A AUSÊNCIA DO ANTIGO
A HISTÓRIA QUE MORRE COMIGO.
AGORA, JÁ NÃO RIO.
Muito bom! Já li também as crônicas até aqui. Gostei muito. Vou-me tornar seu leitor. Abraços. Genserico (Jornalego).
ResponderExcluirMais um leitor: que coisa boa! Mas, você reparou que o poema acima não é meu? Marcadores, se não sabe, são autores convidados e Cristiano Menezes é um dos meus 9 irmãos.
ResponderExcluirVolte sempre!
Olá Angela,sou amiga da Penha (Peinha),Conheci muito o Cristiano,o Jorge eo Álvaro.Amigos de Atafona.Adorei o poema do Cristiano.Beijos
ResponderExcluirPrazer recebê-la em meu blog. Se gostou do poema, vou publicá-lo agora com som!
ExcluirUm abraço.
Tânia, infelizmente não consegui postar o poema declamado, mas o enviei por e-mail à Verinha, amiga da Penhazinha. Esse e um outro com imagem. Dê um beijo nela por mim e volte sempre!
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