sábado, 8 de setembro de 2012

De alma leve (O que o vento não levou)


O mantra da maioria é: eu quero é mais. O meu é: eu quero é menos. Claro que o sentido desse “mais/menos” repousa no “ter”. Quando se trata dos domínios do “ser”, aí, sim, quero mais. No mais, quero menos. Em matéria de “ter”, vale lembrar a sábia observação do Millôr Fernandes: “O importante é ter sem que o ter te tenha”. Em matéria de querer menos, caminho na direção desses versos do poeta José Paulo Paes: “Para quem pediu sempre tão pouco / o nada positivamente é um exagero”. E se eu chegar a esse nível de desapego, poderei, enfim, subscrever estas palavras do José Saramago: “Talvez por nunca ter querido nada, tenho tudo”. A prática do desapego é um caminho seguro para a felicidade, felicidade que, segundo uma máxima latina, “é desejar o que se pode, e poder o que se deseja”. Tudo o que desejo é poder viver de alma leve, sempre aferindo se na bagagem não há pesos inúteis que podem ser eliminados. O budismo fala em caminho do meio como medida de equilíbrio. Eu proponho o caminho do menos. Acredito que na vida, tal como na matemática, menos com menos dá mais. Exemplos: menos gula com menos caloria dá mais saúde; menos ambição com menos competição dá mais leveza; menos apego com menos desejo dá mais contentamento; menos trabalho com menos pressa dá mais ócio etc. Ter mais com menos é tudo que quero. E esse tudo virá de eu nada querer, o que me lembra esta frase: “Eu não tenho nada e nada me falta”. Melhor que isso, só estes versos do Fernando Pessoa/Ricardo Reis: “Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre”. Hoje não quero nada além de um excelente fim de semana para mim e para todos! Isso é querer muito?

Um comentário:

  1. Querer, ao menos, é ser. Muito ou pouco se aproximam e ficam tão parecidos. São vertentes paralelas e, por assim serem, encontrar-se-ão lá no infinito, com tantos cômodos para estrelas tão poucas.

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