terça-feira, 3 de maio de 2011

XXI

                                                                  Febris Consultas 


            Tudo começou quando, por causa de uma dúvida em uma palavra em inglês, entreguei um dicionário ao meu neto de 10 anos. Daí, uma palavra levando a outra, logo estávamos rodeados de dicionários.
            - Vó, vou ler esse “Ruais”, mas só as palavras, não os significados, porque é muito grande. A letra “B”começa na página 368! Nas férias (daqui a três meses), eu  devolvo.
            O neto de onze anos depois de ler a palavra bufar no dicionário português/francês, pegou um dicionário de português para saber o que era “bufar”. Depois se empolgou e disse que iria fazer uma pesquisa com todos aqueles dicionários de inglês/espanhol, alemão/português, inglês/francês, italiano/português... Foi então que a neta de sete anos, com o de português/italiano na mão, pulou, porque assim não tinha graça: estava procurando palavras como “burro”, “tolo” e “maluco” para adjetivar os irmãos e não queria que eles entendessem. Não era para eu dar o de italiano para eles, falou quase chorando.
-  Clara, é para vocês aprenderem palavras em outras línguas. Não é para xingar. Tive uma idéia. Vamos lá para dentro que te ensino a língua do “P”. Aliás, há duas maneiras de se falar essa língua: colocando-se a sílaba “Pê” antes, ou depois de cada sílaba, declinando a vogal após o “p”, conforme a sílaba tenha um “a”, um “e”, um “el”, um “ãe”, “ão” etc.
Ela gostou e logo estaria escrevendo em uma ficha: Pe-jo-pe-ão  pe-bo-pe-bo.
Achei que a segunda versão da língua do Pê, Mi-pi-guel-pel; mãe-pãe era mais difícil para ela. 
           Enquanto isso, o de onze anos se empolgava também com os dicionários: de francês/português, de espanhol/francês e de francês/italiano, o de dez se aventurava pelo de latim e a torre de dicionários ameaçava desabar no tampo de vidro da mesa!
            - Alguns estão bem manuseados, por favor, cuidado com eles e não briguem por dicionários. Esperem, o de francês/francês (Larousse) não vai adiantar pra vocês.
            - Vai sim, vó, retruca o de onze anos. Foi lá que achei “Momie. Cadavre conservé...”
            Que ótimo, vai tudo pro blog.
            - E, disseram os meninos, nós vamos aprender a língua do Pê, por ele!
            - Não, vó (!), retruca Clara preocupada. Eles vão entender tudo...

Hoje, após o café da manhã, foram, voluntariamente, direto para os dicionários, e eu ganhei meu dia!

Em contraponto a essa alegria e a de ouvir de pessoas estranhas recebendo meu convite para o próximo lançamento, que gostam, sim, muito de ler, fiquei com pena de uma mulher, de uns 25, 30 anos que respondeu não gostar muito não.
            Ser estranho, coitada, não sabe o que perde... Pra mim, soou como se ela tivesse dito que não, não gostava muito de respirar, de viver...
            Falando em viver, acrescento mais uma personagem feminina à galeria deste e-book: uma maravilhosa escritora, cognominada aqui Executiva, que chega com seu  Tablet.
            Viajaremos todas juntas a Portugal: Mena Filomena, a Executiva e eu entre outras e outros. Veremos no que vai dar.


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