sábado, 11 de agosto de 2012

O fio da palavra - Tarlei Martins Ferreira

A palavra falada não passa de uma rajada acústica, de um aglomerado de sons. A palavra escrita não passa de um aglomerado de traços. Contudo, é espantoso o que pode uma palavra carregar de sentido, de significado, de sopro de vida inscrito na sua superfície. Eu fico pasmo. É o fio da palavra que nos leva a todos os lugares, a todas as pessoas, a todos os sentimentos, a nós mesmos… É no fio da palavra que me equilibro. É na palavra que me seguro. É da palavra que vem meu sustento metafísico. É pela palavra que me salvo. É com a palavra que leio o mundo. É para a palavra que peço proteção. É a palavra que compõe os silêncios de quando rumino. A palavra anda na cabeça, anda na boca de todos os homens… A palavra cura feridas. A palavra abre feridas. A palavra enlouquece. A palavra traz sanidade. A palavra lança luz. A palavra lança sombras. A palavra faz rir. A palavra faz chorar. A palavra dá esperança. A palavra tira esperança. A palavra esclarece. A palavra confunde. A palavra acalenta. A palavra desespera. Parafraseando o grande Bartolomeu Campos de Queirós, autor do belíssimo livro que dá título a esta mensagem, digo que a palavra é meu porto, minha porta, meu cais, minha rota… Sem a palavra não sou (somos) ninguém. Viva a palavra!

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