terça-feira, 17 de janeiro de 2012


Querida amiga Angela,
Encaminho-lhe, com muito carinho, o meu texto sobre nossa maravilhosa viagem.
Aproveito a oportunidade para lhe desejar um ótimo 2012, com saúde e paz! A você  e aos seus!
Um grande beijo saudoso,
Edilene



Foi bonita a festa, pá.
Fiquei contente
E ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim.

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim.

Nós sabemos que algo nos marca de verdade, na vida, quando os aromas, os gostos, as palavras e as imagens alheias sempre nos remetem, de alguma forma, de volta àquela experiência. Já se passaram praticamente sete meses de nossa “epopéia” e estamos todos ligados de um jeito ou de outro: existe força maior que a da memória?
E tudo começou com a “sinfonia silenciosa do pôr-do-sol em Brasília” (Carlos Magno, Canção da Água, p.134). Meu medo maduro foi cedendo lugar à curiosidade, à oportunidade. “Com que tu sonhas, alma aprisionada?/ Por que te apraz a nossa luz sombria,/ Se para voar à proteção sadia./ Tens em teu dorso uma asa afeiçoada?”(Du Bellay trad. por José Jeronymo Rivera, p.31).
Arrebatada pela grandiosidade da poesia de Santiago Naud, pela alegria do Sr. Victor e a presença delicada e marcante de Manuel Mendes, concordo com as palavras emprestadas de Ricardo Reis pela querida Ângela Delgado: “as palavras, quando ditas, são como portas, ficam abertas, quase à espera de que outra porta se abra, de que outra frase se diga”.  A Viagem às nascentes da Língua Portuguesa foi um duplo presente para mim. Primeiro dos céus, que me permitiram, todos sabem, que eu vencesse meu medo de voar, e voar é viver, forma de aceitar para si mesmo a felicidade. Depois, de meus amigos, que me concederam o privilégio e o prazer de sua companhia e aprendizado.
Um sopro imenso e forte essas tormentas doma.
Um raio cai do céu por entre a escuridão.
Quando aos gritos de morte os de festa o homem soma
Uma secreta voz fala no ruído vão. (Victor Hugo trad. por José Jeronymo Rivera)

A voz da festa é a voz do nosso grupo: conhecedora e gentil como a de Rivera, carinhosa e compreensiva como a de Wilna, autêntica como a de Isadora, atenta e dedicada como a de Hermínio, inteligente e engraçada como a de Marcos, crente e emocionada como a de Sinício, companheira como a de Lúcia, responsável e prestativa como a de Carlos Jorge, amiga como a de Cecília, forte como a de Roseli, delicada como a de Amanda, sábia como a de André e animada como a de Armando, mas em tempo, simples e verdadeira como a de Nelson!
Como o garoto do conto de Natal de Marcos Linhares, ofereço-lhes a única manga da minha caixa: a minha amizade. Maravilhar-se é o primeiro passo para o descobrimento. Sinto-me ainda maravilhada pelas belezas do velho continente, mescladas ao descobrimento dos valores raros que reconheci fitando os olhos de cada um do grupo. Encontrei-me.
 Edilene  

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