domingo, 20 de fevereiro de 2011

XIII

                                                  
Terminada a tarefa hercúlea dos arquivos revistos, digitados e prontos para serem plastificados, mergulho em um trabalho de versão para a língua francesa de um lindo livro de contos. Não o fosse jamais perderia meu tempo com ele. As palavras nos trazem mundos nunca olvidados. Serra de Petrópolis, subir à serra... Essa expressão a juventude de hoje desconhece, apesar de também subir nas tamancas. E aí estão universos paralelos no aqui e agora, no recôndito da alma. Mas antes que eu me enfronhe nessa viagem, preciso voltar à labuta da lapidação de frases, conteúdos, adaptações. Pois uma tradução ou versão não é uma cópia de um livro. Longe disso.
Mas, foi perto de uma formiga e seu arrastar de uma abelha morta que fiquei fascinada, querendo buscar uma câmara, sem poder perder o que estava vendo:
Uma formiguinha arrastando o seu festim, dez vezes o seu tamanho. Ela transpunha as crateras que eram as frestas entre uma lajota e outra, com a maior facilidade. Outras formigas passavam e eu me perguntava se iriam ajudá-la. Nem a ajudaram nem tentaram roubar o achado que a elas não pertencia. Por duas vezes, a formiguinha esforçada parou para recuperar forças. Peguei uma folha de papel, querendo-lhe proporcionar uma espécie de tapete mágico até ao formigueiro, mas ela caiu em uma das fendas e não a vi mais. Por que interferi? Não deveria ter emergido de minha imersão na literatura francesa, apesar de minha ótima intenção, foi como querer ajudar  borboleta a sair do casulo...
Pouco depois, trinava à beira da piscina, um passarinho querendo em vão, beber água, pois não alcançava o seu nível. Abstive-me de socorrê-lo.

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