segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Capítulo XIV de "Beijos na alma"

           Sim, mas enquanto Rigoroso não faz nada, passarinhos, que mal aprenderam a voar, atravessam a rua voando na frente dos carros e dou graças a Deus de não ser nenhuma ave. A Rainha das preocupações que sou eu teria um enfarte todo dia.    
            Como isto está virando um e-book, vamos lá: Italo Calvino em Se um viajante numa noite de inverno, um dos meus livros prediletos, compara o escritor produtivo com o escritor atormentado, em uma página memorável que não vou reproduzir aqui, mas apenas dizer que digito, abro o dicionário (sou viciada neles), procuro uma palavra que não tem nada a ver com o que estou escrevendo, vou à cozinha, volto, deleto, descubro que sou do tipo atormentado e volto a digitar:
Que pessoa simpática conheci há pouco! Quando lhe perguntei como se pronunciava o seu nome, me respondeu que eu podia chamá-la como quisesse, até por Psiu. Pois, Psiu, eu queria comentar com você o abuso de um país que retém no aeroporto compras do passageiro, sob pretexto de uma pretensa periculosidade. A alfândega quer ficar com uma pasta de dente? Então, pague por ela! O turista deixou seu dinheiro no país, mas não pode levar o produto. Isso é roubo, não é, Psiu?
E tenho mais coisas pra conversar com você, Psiu: sempre acordo agradecendo pelo tal dia “embrulhadinho” que recebemos de presente. Hoje, ele consistia basicamente em uma rusga com meu filho e uma baita dor de cabeça. Fui dormir cedo porque não conseguia mais ler ou fixar a tela do computador, pensando no meu presente “de grego”, quando o telefone tocou: Filha Antropóloga ligando para  me dizer que me amava...
E essa mesma filha apareceu aqui outro dia com uma amiga, que eu não conhecia. Como Filha Antropóloga já levou várias multas por falta do uso do cinto de segurança, na hora em que saíam, alertei a amiga: use cinto! Ao que ela respondeu que precisava mesmo, suas calças viviam caindo...
Que gargalhada gostosa demos Filha Antropóloga e eu! Imagine, se eu, tendo acabado de conhecê-la, iria sugerir usar cinto em sua calça!
E os quatro mosqueteiros, que são nossos netos entre 7 e 14 anos, virão para o carnaval. A fartura de balas, biscoitos e sorvetes que ainda sobrou das férias os aguarda, assim como geladeiras entupidas e o nosso amor. 
Psiu, agora ouça esta: vinha eu, tranquilamente caminhando, quando percebo um ciclista fazendo aquele gesto obsceno em retribuição à ligeira buzinada que alguém soou, com certeza, assustado pela irrupção de duas rodas à sua frente. Que destempero, não é, Psiu, e que oportunidade o ciclista perdeu de se mostrar sereno, além, de ecologicamente correto. Poderia ter acenado, querendo dizer que “foi mal”. Mas, ninguém é perfeito nesta vida...

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